domingo, 5 de outubro de 2025

Ecossocialismo - Criticismo

Uma Visão Geral

O ecossocialismo é uma corrente de pensamento político que integra os princípios do socialismo com os do ambientalismo radical. Ele argumenta que a crise ecológica global, como a mudança climática e a perda de biodiversidade, é uma consequência direta do sistema capitalista, que prioriza o lucro e o crescimento econômico incessante em detrimento da sustentabilidade ambiental e do bem-estar social. Em vez de simplesmente reformar o capitalismo, os ecossocialistas defendem uma transformação sistêmica completa, propondo uma sociedade na qual os meios de produção sejam controlados democraticamente e orientados para satisfazer as necessidades humanas e ecológicas, em vez de gerar capital. O objetivo final é construir uma sociedade igualitária e sustentável, onde a economia e a ecologia estejam em harmonia, e onde a exploração tanto das pessoas quanto da natureza seja eliminada.



As críticas ao ecossocialismo vêm de diversas frentes, incluindo grupos de socialistas e ambientalistas tradicionais, além de conservadores. Embora algumas críticas se assemelhem às feitas a cada um desses movimentos individualmente, outras são específicas à união das duas ideologias.

Críticas de Socialistas

  • Socialismo "já é" verde: Alguns socialistas, como David Reilly, argumentam que o termo "ecossocialismo" é redundante. Para eles, um socialismo genuíno e eficaz já seria, por natureza, "verde" ou ecológico, e a luta por ele já incluiria a preocupação ambiental.

  • Abandono da luta de classes: Outros socialistas, como Paul Hampton, criticam o ecossocialismo por, supostamente, abandonar a classe trabalhadora como o principal agente da mudança social. Eles veem a abordagem ecossocialista como uma "ecologia sem classes" que, ao focar excessivamente em questões ambientais, perde o foco central da política marxista.

  • Catastrofismo determinista: Um grupo de autores, incluindo Doug Boucher e Peter Caplan, critica o ecossocialismo por adotar uma visão "catastrofista" e determinista. Eles argumentam que essa visão ignora as vitórias alcançadas pelas lutas populares e trabalhistas, que mostram que o progresso social é possível mesmo dentro do sistema capitalista. Eles defendem que a luta por um socialismo ecológico deve ser construída na esperança, e não no medo.

Críticas de Conservadores

  • Oportunismo e Panteísmo: Críticos conservadores, como Fred L. Smith Jr., veem o ecossocialismo como uma forma de oportunismo da esquerda após a queda do comunismo. Smith ataca o que ele chama de "panteísmo" e "ecopaganismo" do movimento, usando o termo "ecossocialismo" de forma ampla para criticar ambientalistas em geral que defendem restrições de mercado.

  • Informações incorretas: A crítica conservadora frequentemente se baseia em premissas falsas. Por exemplo, Smith afirma incorretamente que o ecossocialismo defende a visão malthusiana sobre a população e a natureza, e chega a rotular Al Gore como ecossocialista, apesar de Gore nunca ter usado o termo e não ser reconhecido como tal.

Críticas de Ambientalistas e Conservacionistas

  • Foco exclusivo na transformação social: O ambientalista David M. Johns critica o ecossocialismo, particularmente as ideias de Joel Kovel, por focar exclusivamente na transformação social de longo prazo, negligenciando políticas de conservação de curto prazo.

  • Negligência da pressão populacional: Johns argumenta que a destrutividade humana é um problema que precede o capitalismo e existe em "todas as sociedades de grande escala", e sugere que o ecossocialismo ignora a questão crucial da pressão populacional. Ele também questiona se sistemas sociais não hierárquicos podem sustentar bilhões de pessoas.

  • Visões simplistas sobre a história humana: Johns critica o que ele considera uma visão "arcaica" de Kovel sobre a origem da hierarquia humana, que ele associa a invasões para roubar mulheres, em vez de uma análise mais profunda das causas históricas.


Referências


en.wikipedia.org - Eco-socialism 


Bansart, Andrés. Ecosocialismo negroafricano e indoamericano.


Foster, John Bellamy. A ecologia de Marx: materialismo e natureza; tradução de Maria Teresa Machado. - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.


Hansen, James. Storms of my Grandchildren. The Truth About the Coming Climate Catastrophe and Our Last Chance to Save Humanity, New York: Bloomsbury, 2009, p. IX.


 “O planeta Terra, a Criação, o mundo no qual a civilização se desenvolveu, o mundo com as normas climáticas que nós conhecemos e com as margens do oceano estáveis, está em perigo iminente. A urgência da situação só se cristalizou nos últimos anos. Nós temos agora provas evidentes da crise (...). A surpreendente conclusão é que a continuação da exploração de todos os combustíveis fósseis da Terra ameaça não somente milhões de espécies do planeta, mas também a sobrevivência da própria humanidade — e os prazos são mais curtos do que pensávamos”.

 

Löwy, Michael. O que é o ecossocialismo? 2. ed. — São Paulo : Cortez, 2014

https://konektacommerce.nyc3.cdn.digitaloceanspaces.com/TEXT_SAMPLE_CONTENT/que-e-o-ecossocialismo-o-71932-1.pdf 


Nos nossos arquivos: [ Michael Lowy - O que e o ecossocialismo ]


Löwy, Michael. (2020) Ecosocialism: A Radical Alternative to Capitalist Catastrophe

https://www.researchgate.net/publication/339530273_Ecosocialism_A_Radical_Alternative 

“O sistema capitalista, impulsionado em sua essência pela maximização do lucro, independentemente dos custos sociais e ecológicos, é incompatível com um futuro justo e sustentável. O ecossocialismo oferece uma alternativa radical que coloca o bem-estar social e ecológico em primeiro lugar. Atento aos vínculos entre a exploração do trabalho e a exploração do meio ambiente, o ecossocialismo se opõe tanto à "ecologia de mercado" reformista quanto ao "socialismo produtivista".

Ao adotar um novo modelo de planejamento democraticamente robusto, a sociedade pode assumir o controle dos meios de produção e de seu próprio destino. Horas de trabalho mais curtas e um foco em necessidades autênticas em vez do consumismo podem facilitar a elevação do "ser" sobre o "ter" e a conquista de um sentido mais profundo de liberdade para todos. Para concretizar essa visão, no entanto, ambientalistas e socialistas precisarão reconhecer sua luta comum e como isso se conecta com o "movimento dos movimentos" mais amplo.”

Marques, Luiz.Capitalismo e colapso ambiental

https://www.editoraunicamp.com.br/produto/474/capitalismo-e-colapso-ambiental  


Resenha


“A perspectiva de um colapso ambiental vem sendo evidenciada pelas ciências e pelas humanidades desde os anos 1960. Hoje, ela impõe sua urgência. Achim Steiner, sub-secretário-geral da ONU, adverte incessantemente: "se nada for feito, o colapso dos serviços prestados pelos ecossistemas é uma clara possibilidade". Esse colapso difere dos das civilizações passadas por não ser nem local, nem apenas civilizacional. Ele é global e ocorre no nível mais amplo da biosfera, da qual as sociedades humanas dependem existencialmente. Evitar a falência das estruturas de sustentação dos ecossistemas, voltar a "caber" na biosfera, só será possível se desmontarmos a engrenagem socioeconômica expansiva que moldou nossas sociedades desde o século XVI. A sociedade futura será pós-capitalista ou não será uma sociedade complexa, e mesmo talvez, deve-se temer, sociedade alguma. Alargar esse consenso nascente é o que motivou este livro.”


Marx, Karl. Os despossuídos: Debates sobre a lei referente ao furto de madeira


Marx, Karl. Manuscritos Econômico-filosóficos

Rodrigues, Arlindo. Ecossocialismo: Uma Utopia Concreta: Estudo das correntes ecossocialistas na França e no Brasil.

 

Saito, Kohei. Karl Marx's Ecosocialism: Capital, Nature, and the Unfinished Critique of Political Economy.


SOUZA, Marcelo Lopes. Ambientes e Territórios – Uma introdução à ecologia Política. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2019


Wallis, Victor. Red-Green Revolution: The Politics and Technology of Ecosocialism.



Literatura citada como o apoiando:

Acosta, Alberto. O Bem Viver - https://books.google.com.br/books/about/O_Bem_Viver.html 


Resenha

Um sistema com desigualdades gritantes sobrevive há séculos, com o apoio de milhões e a subordinação de bilhões. Agora, nos conduz ao suicídio coletivo. As promessas do progresso, feitas há mais de quinhentos anos, e as do desenvolvimento, que ganharam o mundo a partir da década de 1950, não se cumpriram. E não se cumprirão. Contra problemas cada vez mais evidentes, Alberto Acosta resgata o conceito de sumak kawsay, de origem kíchwa, e nos propõe uma ruptura civilizatória calcada na utopia do Bem Viver, tão necessária em tempos distópicos, e na urgência de se construir sociedades verdadeiramente solidárias e sustentáveis. Uma quebra de paradigmas para superar o fatalismo do desenvolvimento, reatar a comunhão entre Humanidade e Natureza e revalorizar diversidades culturais e modos de vida suprimidos pela homogeneização imposta pelo Ocidente. O Bem Viver foi escrito por um dos maiores responsáveis por colocar os Direitos da Natureza na Constituição do Equador, feito inédito no mundo. Não se trata de viver la dolce vita, de ser um bon vivant. O Bem Viver não se oferece como a enésima tentativa de um capitalismo menos desumano – nem deseja ser um socialismo do século 21. Muito pelo contrário: acusa a ambos sistemas, irmanados na exploração inclemente de recursos naturais. O Bem Viver é a superação do extrativismo, com ideias oriundas dos povos e nacionalidades indígenas, mas também de outras partes do mundo. O que fazer? Acosta oferece uma série de caminhos, mas também nos alerta: não há apenas uma maneira para começar a construir um novo modelo. A única certeza é de que a trajetória deve ser democrática desde o início, construída pela e para a sociedade. Os seres humanos são uma promessa, não uma ameaça.



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