Notas e citações
Microplásticos em peixes
Em estudo citado na Scientific Reports, em pesquisas da University of California, Davis, e da Hasanuddin University na Indonésia microplásticos são encontrados na população americana e indonésia, sendo que 76 espécies de peixes para consumo humano na Indonésia e 64 na Califórnia apresentaram microplásticos. Amostras de mexilhões em 6 lugares da França, Bélgica e Holanda apresentam microplásticos. Os oceanos são a maior fonte de proteína da humanidade, sendo que 2,6 milhões de pessoas dependem somente do oceano como fonte de proteína.
Yin, Steph (2015) Your Seafood Might Contain Tiny Plastic Particles Is "trash to table" the next dining trend? SEP 25, 2015. https://www.popsci.com/your-seafood-might-contain-tiny-plastic-particles/
O estudo de Rochman e sua equipe constata que detritos artificiais foram encontrados em 1 em cada 4 peixes vendidos em mercados da Califórnia, sendo que a ubiquidade dos detritos marinhos antropogênicos e a toxicidade dos produtos químicos associados a eles começaram a levantar preocupações sobre como a ingestão de detritos antropogênicos por animais marinhos pode impactar a saúde humana, e essas preocupações levaram a um esforço conjunto de organizações governamentais e privadas para avaliar os impactos dos detritos marinhos na saúde humana e ambiental.
Rowley, Liz. (2015) Manmade Debris Found in 1 in 4 Fish Sold in California Markets, Study Finds. Sep. 25, 2015.
Rochman, Chelsea & Tahir, Akbar & Williams, Susan & Baxa, Dolores & Lam, Rosalyn & Miller, Jeffrey & Teh, Foo-Ching & Werorilangi, Shinta & Swee, & Teh, J. (2015). Anthropogenic debris in seafood: Plastic debris and fibers from textiles in fish and bivalves sold for human consumption. Scientific Reports. 5. 10.1038/srep14340. https://www.ucdavis.edu/news/plastic-dinner-quarter-fish-sold-markets-contain-human-made-debris
Microplásticos em peixes de água doce
Evidências de ingestão de microplásticos (MPs) foram relatadas em mais de 150 espécies de peixes de sistemas de água doce e marinhos. No entanto, a quantificação e os efeitos tóxicos dos MPs em ecossistemas de água doce têm sido significativamente subestimados e menos relatados em comparação com o ambiente marinho. Apesar disso, a abundância e a toxicidade dos microplásticos na biota de água doce não são menores do que as encontradas nos ecossistemas marinhos. A interação de MPs com os peixes e o risco para o consumo humano ainda permanecem um mistério, evidenciando que nosso conhecimento sobre esses impactos é muito limitado.
Khan, M. L., Hassan, H. U., Khan, F. U., Ghaffar, R. A., Rafiq, N., Bilal, M., Khooharo, A. R., Ullah, S., Jafari, H., Nadeem, K., Siddique, M. A. M., & Arai, T.. (2024). Effects of microplastics in freshwater fishes health and the implications for human health. Brazilian Journal of Biology, 84, e272524. https://doi.org/10.1590/1519-6984.272524
https://www.scielo.br/j/bjb/a/7b6MjqyC3gwb7nxqvVjKfzy/?lang=en
Microplásticos em bivalves de consumo humano
Tem sido detectada a presença de microplásticos em duas espécies de bivalves cultivados comercialmente: Mytilus edulis e Crassostrea gigas, sendo microplásticos recuperados dos tecidos moles de ambas as espécies. No momento do consumo humano, a M. edulis contém, em média, 0,36 ± 0,07 partículas g⁻¹ (peso úmido), enquanto uma carga de plástico de 0,47 ± 0,16 partículas g⁻¹ (peso úmido) foi detectada na C. gigas. Como resultado, a exposição dietética anual para consumidores de marisco na Europa pode chegar a 11.000 microplásticos por ano. A presença de microplásticos marinhos em frutos do mar pode representar uma ameaça à segurança alimentar. No entanto, devido à complexidade de se estimar a toxicidade dos microplásticos, as estimativas dos riscos potenciais para a saúde humana ainda não são possíveis.
Van Cauwenberghe, L., & Janssen, C. R. (2014). Microplastics in bivalves cultured for human consumption. Environmental Pollution, 193, 65–70. https://doi.org/10.1016/j.envpol.2014.06.010
Microplásticos em ilhas brasileiras
Estudo pioneiro investigou a presença de microplásticos em importantes ilhas do Oceano Atlântico tropical, incluindo Fernando de Noronha, Abrolhos e a Ilha da Trindade, entre 2011 e 2013. A pesquisa, que coletou amostras tanto na superfície da água quanto nas praias, encontrou contaminação em todas as ilhas, sendo mais prevalente na Trindade. Os microplásticos identificados eram principalmente fragmentos duros de menos de 5mm, e a concentração média de partículas por metro cúbico se mostrou inferior à observada no Oceano Pacífico. O trabalho também revelou que, nas praias, as áreas mais expostas aos ventos e correntes superficiais apresentavam maior concentração de fragmentos plásticos. Com a publicação desses resultados, o estudo forneceu as primeiras evidências da contaminação por microplásticos no oeste do Atlântico tropical, destacando a vulnerabilidade desses ecossistemas insulares.
Sul, Juliana Assunção Ivar do (2014). Contaminação ambiental por microplásticos em Fernando de Noronha, Abrolhos e Trindade. Tese apresentada ao programa de Pós-Graduação em Oceanografia como requisito parcial à obtenção do título de Doutora em Oceanografia. Área de concentração em Oceanografia Abiótica. Recife - PE 2014.
Estudo revelou a presença de microplásticos, em amostras de plâncton de subsuperfície próximas ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo, no Oceano Atlântico Equatorial. Utilizando um modelo linear generalizado, a pesquisa sugere um gradiente de densidade de partículas plásticas que diminui à medida que se afasta do arquipélago. Embora os plásticos possam ter origem local ou ser transportados por longas distâncias, uma provável fonte desses microplásticos é atribuída à pequena, mas persistente, frota de pesca local.
Ivar do Sul, J. A., Costa, M. F., Barletta, M., & Cysneiros, F. J. A. (2013). Pelagic microplastics around an archipelago of the Equatorial Atlantic. Marine Pollution Bulletin, 75(1-2), 305–309. https://doi.org/10.1016/j.marpolbul.2013.07.017
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0025326X1300427X
Estudo teve como objetivo preencher a lacuna de dados sobre a poluição por microplásticos no Oceano Atlântico Sul tropical. A pesquisa examinou a distribuição, densidade e características de partículas plásticas em 160 amostras de plâncton coletadas perto das ilhas de Fernando de Noronha, Abrolhos e Trindade. Pela primeira vez, foi confirmada a presença de microplásticos na superfície oceânica dessas áreas. As partículas encontradas, que incluíam fragmentos rígidos, filmes, lascas de tinta e fibras, foram classificadas como microplásticos secundários. Os autores concluem que este tipo de poluição, originada de fontes terrestres e marinhas, representa uma ameaça potencial para as importantes espécies ecológicas da região.
Ivar do Sul, J. A., Costa, M. F., & Fillmann, G. (2014). Microplastics in the pelagic environment around oceanic islands of the Western Tropical Atlantic Ocean. Water, Air, & Soil Pollution, 225(2004). https://doi.org/10.1007/s11270-014-2004-z
Microplásticos como resíduos agrícolas
Microplástico é um agregante de toxinas dos efluentes industriais e resíduos da agricultura. Esfoliantes, pasta de dentes, cosméticos e outros produtos contém microgrânulos, que são uma considerável fonte de microplásticos. Existem locais nos oceanos onde a quantidade de microplásticos já ultrapassou a quantidade de plâncton. Estudo de 2009 aponta que somente o Atlântico Norte continha 3440 toneladas de microplástico.
Moore, C. J., van Franeker, J. A., & Moloney, C. L. (2009). Monitoring the abundance of plastic debris in the marine environment. Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences, 364(1526), 1999–2012. https://doi.org/10.1098/rstb.2008.0207
Um método de amostragem por arrasto de superfície de 1 L com um reboque com rede de captura de Nêuston [Nota] de 335 μm coletou mais de três ordens de magnitude de microplástico por volume de água, bem como uma faixa de tamanho menor e maior proporção de plástico não fibroso do que a amostragem com uma rede de Nêuston. Consequentemente, confiar apenas em amostras de rede de Nêuston parece resultar em uma subestimação da extensão da poluição por microplásticos.
Nota: Nêuston é o conjunto de organismos que vivem na camada superficial da água, seja flutuando na superfície (epineuston) ou logo abaixo dela (hiponeuston).
Barrows, Abigail P.W., et al. 2017 “Grab vs. Neuston Tow Net: A microplastic sampling performance comparison and possible advances in field.” Analytical Methods. 9:1446-1453.
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